Sabe aquela saudade de sentar no chão da sala para jogar os clássicos do Super Nintendo, Mega Drive ou até mesmo as primeiras aventuras 3D do PlayStation? Aquela vontade de ter uma verdadeira máquina do tempo gamer que cabe no bolso? Foi exatamente com esse sentimento que eu decidi comprar e testar o Console Portátil R36S. Ele tem aparecido por toda a internet, com promessas gigantescas e um preço que parece bom demais para ser verdade. As avaliações online são geralmente muito positivas, mas eu queria ver com meus próprios olhos, sentir com minhas próprias mãos e, claro, jogar por horas a fio para te contar se ele realmente entrega tudo isso.
Este pequeno aparelho é um convite direto à nostalgia. Ele foi pensado para quem cresceu nas décadas de 80, 90 e início dos anos 2000. É para você que quer apresentar os jogos da sua infância para seus filhos, sobrinhos ou simplesmente quer uma forma prática de relaxar no ônibus, na hora do almoço ou antes de dormir, com uma partida rápida de *Street Fighter* ou explorando os mundos de *The Legend of Zelda*. A ideia de ter um acervo tão vasto na palma da mão é incrível, mas a execução precisa ser boa. E foi isso que eu fui descobrir.
O que diz o fabricante?
A promessa oficial do R36S é ambiciosa: oferecer uma experiência de jogo retrô completa, acessível e de alta qualidade em um formato compacto. O marketing foca na combinação de um hardware surpreendentemente capaz para o seu preço com um software de código aberto que dá liberdade ao usuário. Eles destacam a tela como um grande diferencial, afirmando que a tecnologia IPS OCA proporciona cores vibrantes e um ângulo de visão excelente, muito superior a telas de portáteis mais antigos. A ideia é que você possa jogar em qualquer ambiente, seja dentro de casa ou sob uma luz mais forte, sem perder a qualidade da imagem. Além disso, a enorme biblioteca de jogos pré-instalada é o seu maior atrativo, prometendo entretenimento imediato, sem a necessidade de configurações complexas.
- Tela de Alta Qualidade: Display IPS OCA de 3.5 polegadas com resolução de 640×480 pixels, garantindo imagens nítidas e cores vivas.
- Processamento Robusto: Equipado com o processador RK3326 Quad-Core de 1.5GHz, capaz de emular uma vasta gama de consoles clássicos.
- Sistema Aberto: Utiliza o sistema operacional ArkOS, uma distribuição Linux otimizada para emulação, que oferece personalização e atualizações constantes da comunidade.
- Vasta Biblioteca de Jogos: Vem com um cartão de 64GB com mais de 15.000 jogos pré-carregados, cobrindo mais de 20 sistemas diferentes.
- Bateria de Longa Duração: Bateria de lítio de 3500mAh que, segundo o fabricante, pode durar até 8 horas de jogo contínuo.
- Conectividade Moderna: Carregamento via porta USB-C e uma entrada padrão de 3.5mm para fones de ouvido.
- Design Ergonômico: Controles completos, incluindo dois analógicos, D-pad, botões de ação e quatro botões de ombro (L1/R1, L2/R2).
O que dizem os compradores?
Vasculhando os comentários e fóruns online, o sentimento geral é de uma surpresa muito positiva. A maioria das pessoas compra o R36S com uma expectativa moderada, por causa do preço baixo, e acaba se impressionando com o que ele entrega. O ponto mais elogiado, de longe, é o custo-benefício. A sensação de pagar tão pouco por um aparelho que roda tão bem os jogos de PlayStation 1, Super Nintendo e Game Boy Advance é um tema recorrente. Muitos destacam a qualidade da tela, dizendo que ela faz os jogos antigos parecerem mais bonitos do que lembravam. A facilidade de simplesmente ligar e jogar também é um grande atrativo para quem não quer perder tempo com configurações.
Comprei pelo preço, sem esperar muito, só pela nostalgia. Quando liguei e vi a tela, fiquei chocado. As cores são muito vivas! Já zerei Super Mario World de novo e estou no meio de Chrono Trigger. A bateria aguenta bem umas 5 ou 6 horas direto. Melhor compra que fiz este ano, sem dúvida.
Carlos Oliveira
Presente perfeito para quem tem mais de 30 anos! Meu marido adorou. A quantidade de jogos é absurda, a gente fica até perdido no começo. O tamanho é ideal para levar na mochila em viagens. Ele roda os jogos de PS1 que eu mais gostava, como Crash e Tony Hawk’s Pro Skater, sem engasgar. Recomendo demais.
Ana Paula Silva
Pontos de atenção
Agora, vamos para a parte mais importante desta análise, a conversa honesta. Nenhum produto é perfeito, e o R36S, apesar de excelente para sua faixa de preço, tem seus poréns. É meu dever ser transparente e te contar os detalhes que notei durante meus testes e que outros usuários também apontam. Não são necessariamente defeitos que invalidam a compra, mas são informações cruciais para você alinhar suas expectativas e decidir se ele é mesmo o aparelho certo para você.
- A Curva de Aprendizado do Sistema: O sistema ArkOS é poderoso e flexível, o que é ótimo. Porém, ele não tem a simplicidade de um Nintendo Switch ou de um smartphone. Para o uso básico de escolher um jogo e jogar, é fácil. Mas se você quiser fazer algo a mais, como ajustar as configurações de um emulador específico, adicionar seus próprios jogos (ROMs) ou personalizar a interface, vai precisar de um tempinho para aprender. Passei as primeiras horas explorando os menus, descobrindo as “hotkeys” (combinações de botões para salvar, carregar ou sair de um jogo) e entendendo a estrutura de pastas do cartão SD. Não é um bicho de sete cabeças, e existem muitos tutoriais no YouTube, mas esteja ciente de que não é um sistema “à prova de leigos” para funções avançadas.
- Qualidade de Construção e Ergonomia: Vamos ser realistas: por esse preço, não podemos esperar um acabamento de titânio. O R36S é feito de um plástico que eu chamaria de “honesto”. Ele não parece que vai quebrar na sua mão, mas também não passa a sensação de um produto premium. Os botões de ombro, especialmente o L2 e R2, têm um clique audível e um curso um pouco longo, o que pode ser estranho para alguns. Para mim, que tenho mãos de tamanho médio, a pegada foi confortável para sessões de até duas horas. No entanto, um amigo de mãos bem grandes achou o console um pouco pequeno e cansativo para jogar por muito tempo. O D-pad e os botões de ação (A, B, X, Y) são bons, mas os analógicos, embora funcionais, não têm a mesma precisão de um controle de console moderno.
- Desempenho em Sistemas Mais Pesados: Aqui está o ponto que mais gera confusão. O R36S é um rei quando se trata de emular sistemas de 8 e 16 bits (NES, SNES, Mega Drive, Game Boy) e até mesmo o PlayStation 1. Testei dezenas de jogos desses consoles e a experiência foi praticamente perfeita. *Chrono Trigger*, *Super Metroid*, *Castlevania: Symphony of the Night* rodaram de forma impecável. Contudo, a propaganda de que ele roda “Nintendo 64, Dreamcast e PSP” precisa de um asterisco. Sim, ele roda *alguns* jogos desses sistemas, mas a performance varia drasticamente. *Super Mario 64* é perfeitamente jogável. Já jogos mais exigentes como *GoldenEye 007* ou *Perfect Dark* sofrem com quedas de quadros que atrapalham a jogatina. No Dreamcast, *Crazy Taxi* tem engasgos. No PSP, jogos 2D rodam bem, mas os 3D mais complexos, como *God of War*, não são uma experiência agradável. Pense no suporte a esses sistemas como um bônus, não como a função principal do aparelho.
- O Cartão SD que Vem na Caixa: Este é talvez o aviso mais importante. Quase todos esses consoles retrô de baixo custo vêm com um cartão de memória sem marca, genérico. Ele funciona? Sim, o meu funcionou perfeitamente assim que tirei da caixa. Qual é o problema? Esses cartões são conhecidos por terem uma taxa de falha muito maior. Eles podem corromper dados ou simplesmente parar de funcionar do nada. Imagina perder todo o seu progresso salvo em dezenas de jogos? A recomendação unânime da comunidade, e que eu reforço, é: assim que receber seu R36S, compre um cartão micro SD de uma marca confiável (SanDisk, Samsung, etc.) e faça uma cópia de segurança de todo o conteúdo do cartão original para o novo. É um pequeno investimento que te salva de uma enorme dor de cabeça no futuro.
Ao colocar tudo na balança, a conclusão sobre o R36S fica muito clara. O fabricante promete uma central de nostalgia portátil e, nesse ponto, ele acerta em cheio. A experiência de ligar, ver aquela lista imensa de clássicos e começar a jogar em uma tela de ótima qualidade é fantástica. A opinião dos compradores confirma isso, com a grande maioria celebrando o incrível valor que o produto entrega por um preço tão acessível. Sim, existem pontos de atenção, como eu detalhei. O sistema operacional exige um pouco de paciência para ser dominado em suas funções avançadas, a construção é simples e o desempenho em consoles mais modernos é limitado. O cartão SD genérico também é um risco que deve ser mitigado. No entanto, quando comparamos essas ressalvas com a imensa quantidade de benefícios e horas de diversão que ele proporciona, a decisão se torna fácil. Para quem busca uma maneira descomplicada e barata de reviver os maiores clássicos dos videogames, o R36S não é apenas uma boa opção; é, provavelmente, a melhor opção que você encontrará no mercado hoje.
Perguntas frequentes
O Console R36S já vem pronto para jogar ou preciso configurar algo?
Ele vem totalmente pronto para jogar. Basta tirá-lo da caixa, ligar e escolher um dos mais de 15.000 jogos que já vêm instalados no cartão de memória. As configurações básicas e os emuladores já estão pré-configurados para a maioria dos jogos, proporcionando uma experiência “plug and play” imediata.
Consigo salvar o meu progresso nos jogos do R36S?
Sim, e de uma forma até melhor que nos consoles originais. Todos os emuladores no R36S possuem a função de “save state” (estado salvo). Isso permite que você salve o jogo a qualquer momento, mesmo em partes que o jogo original não permitia, e volte exatamente daquele ponto. Geralmente, isso é feito por uma combinação de botões (hotkey), que você aprende rapidamente a usar.
A bateria do R36S dura quanto tempo na prática?
O fabricante promete até 8 horas, mas na prática isso varia bastante. Nos meus testes, jogando títulos de Super Nintendo e Game Boy Advance com o brilho da tela em cerca de 70%, consegui algo entre 5 e 6 horas de jogo contínuo, o que é um tempo excelente. Ao emular jogos mais pesados, como os de PlayStation 1, o consumo de bateria aumenta, e a autonomia cai para cerca de 4 horas. É uma duração muito boa para um aparelho dessa categoria.
É difícil adicionar mais jogos ao console R36S?
Não é super difícil, mas exige um computador com leitor de cartão micro SD. O processo consiste em retirar o cartão de memória do console, conectá-lo ao computador e copiar os arquivos dos jogos (conhecidos como ROMs) para a pasta correspondente ao console (por exemplo, a pasta “snes” para jogos de Super Nintendo). Para quem tem um mínimo de familiaridade com o gerenciamento de arquivos em um computador, é um processo simples.
O R36S roda bem todos os jogos de Nintendo 64?
Não, o desempenho em Nintendo 64 é variável. Jogos icônicos e mais leves, como *Super Mario 64* e *Mario Kart 64*, rodam muito bem e são totalmente jogáveis. No entanto, títulos mais complexos e que exigiam mais do hardware original, como *GoldenEye 007*, *Perfect Dark* ou *Conker’s Bad Fur Day*, apresentam lentidão e engasgos que podem comprometer a experiência. É melhor encarar o R36S como uma máquina fantástica para consoles até o PlayStation 1, sendo o N64 um bônus com resultados mistos.


