Anbernic RG35XX Plus: Testei por 100 horas e te conto se vale a pena

O Anbernic RG35XX Plus é um console portátil que promete trazer de volta a magia dos jogos clássicos, desde o Atari até o PlayStation 1, com um processador H700 atualizado, mais bateria e conectividade WiFi. Mas será que ele entrega tudo isso na prática?

16 min de leitura
Console Portátil Retrô Anbernic-RG35XX Plus, CPU Gamer, HT700, LPDDR4, Suporte 1GB, WiFi

Vamos ser sinceros: quem viveu a era de ouro dos videogames sente uma saudade que é difícil de explicar. Aquele som de ligar o Super Nintendo, a emoção de passar uma fase difícil no Mega Drive ou de explorar os mundos 3D do primeiro PlayStation. Hoje, tentamos reviver isso em computadores e celulares, mas a sensação nunca é a mesma. Falta o controle na mão, a simplicidade de ligar e jogar. É exatamente essa lacuna que o Anbernic RG35XX Plus tenta preencher. E, depois de passar muitas e muitas horas com ele, posso dizer que ele faz isso de um jeito muito especial.

Este pequeno aparelho é pensado para quem quer uma máquina de nostalgia definitiva e sem complicações. Se você sonha em ter uma biblioteca com os melhores jogos da sua infância, tudo num único lugar, para levar no bolso e jogar em qualquer fila de banco, viagem de ônibus ou no sofá de casa, continue lendo. Eu usei o RG35XX Plus em todas essas situações: no transporte público, conectado na TV da sala e até mesmo antes de dormir. A ideia aqui é te contar, de forma honesta, o que funcionou, o que me surpreendeu e quais são os pontos que você precisa saber antes de decidir se ele é para você.

O que diz o fabricante?

A Anbernic posiciona o RG35XX Plus como uma evolução poderosa de seu antecessor de grande sucesso. A promessa é de um dispositivo compacto, mas com força suficiente para emular uma vasta gama de consoles clássicos com perfeição. A marca destaca a capacidade de rodar jogos de sistemas que exigem mais do hardware, como o PlayStation 1 e até alguns títulos de Dreamcast e PSP, graças às suas especificações aprimoradas. A inclusão de WiFi e Bluetooth abre portas para jogatinas online com amigos (em emuladores compatíveis) e o uso de controles sem fio, enquanto a saída HDMI permite transformar o portátil em um console de mesa.

  • Processador: H700 quad-core ARM Cortex-A53, com frequência de 1.5GHz, prometendo um desempenho muito superior ao modelo anterior.
  • Memória RAM: 1GB LPDDR4, o que ajuda na fluidez dos sistemas mais pesados.
  • Tela: 3.5 polegadas IPS com ângulo de visão total e resolução de 640×480, ideal para a proporção dos jogos retrô.
  • Bateria: 3300mAh, com uma autonomia estimada pelo fabricante de até 8 horas de uso.
  • Conectividade: WiFi 2.4/5G e Bluetooth 4.2 para conexão à internet e pareamento de acessórios.
  • Armazenamento: Dois slots para cartão microSD, suportando até 512GB em cada um.
  • Saída de Vídeo: Porta mini HDMI para conectar o console a uma TV ou monitor.
  • Sistema Operacional: Baseado em Linux, customizável e com suporte da comunidade para firmwares alternativos.

Minha experiência real com o Anbernic RG35XX Plus

Pegar o RG35XX Plus na mão pela primeira vez traz uma sensação familiar. O design é claramente inspirado no Game Boy clássico, mas com um toque moderno. O plástico não parece barato; ele é rígido e o console tem um peso agradável, que passa confiança. Os botões A, B, X, Y têm um clique satisfatório, e o direcional digital (o D-Pad) é simplesmente excelente. Para jogos de plataforma e luta, onde a precisão é fundamental, ele respondeu perfeitamente. Os botões de ombro (L1, R1, L2, R2) são empilhados na parte de trás e, embora funcionem bem, levam um tempinho para se acostumar.

A primeira coisa que fiz foi ligá-lo com o sistema que veio de fábrica. É funcional, sim. Você liga, navega por uma lista de consoles, escolhe um jogo e pronto. Funciona. Mas o verdadeiro potencial dele foi liberado quando instalei um sistema alternativo criado pela comunidade, o GarlicOS. Não se assuste com o nome, o processo é simples e existem dezenas de tutoriais no YouTube que mostram o passo a passo. A diferença é gritante: a interface fica mais bonita, organizada e o desempenho em alguns jogos melhora. Além disso, fica mais fácil gerenciar recursos como o salvamento automático, que é uma bênção para a jogatina portátil.

Mas vamos ao que interessa: os jogos. Como ele se saiu?

Testando os clássicos: dos 8 aos 32 bits

Para testar o desempenho, separei minha análise por geração de consoles, focando naqueles que a maioria das pessoas vai querer jogar.

Consoles de 8 e 16 bits (NES, Master System, Super Nintendo, Mega Drive): Aqui, o desempenho foi absolutamente impecável. É até um exagero de hardware para esses sistemas. Jogos como Super Mario World, The Legend of Zelda: A Link to the Past, Sonic the Hedgehog 2 e Streets of Rage 2 rodaram com perfeição total. As cores na tela IPS de 3.5 polegadas são vibrantes e a resolução de 640×480 faz com que os pixels dos jogos antigos fiquem nítidos e bem definidos. Foi pura nostalgia, sem nenhum tipo de engasgo ou problema de som. Passei horas jogando Chrono Trigger e a experiência foi idêntica à do console original, só que na palma da minha mão.

PlayStation 1 (PS1): Este é o grande teste para um portátil dessa faixa de preço, e o RG35XX Plus passou com louvor. O processador H700 realmente faz a diferença aqui. Testei uma variedade de jogos. Crash Bandicoot rodou liso, sem quedas de quadros. Tekken 3, um jogo de luta rápido, foi perfeitamente jogável. Para os fãs de RPG, a notícia é ótima: Final Fantasy VII e Castlevania: Symphony of the Night tiveram um desempenho exemplar. A experiência foi tão boa que me peguei redescobrindo clássicos que não jogava há anos. A única ressalva, que vou detalhar mais à frente, é a ausência de controles analógicos, o que afeta uma pequena parte da biblioteca do PS1.

Sistemas mais exigentes (Nintendo DS, Dreamcast, PSP): O fabricante menciona suporte a esses sistemas, mas aqui é preciso alinhar as expectativas. O Nintendo DS funciona bem para muitos jogos que não dependem intensamente da tela de toque, mas a necessidade de alternar entre as duas telas pode ser um pouco desajeitada. Já para Dreamcast e PSP, a história é outra. Alguns jogos mais leves, como Ikaruga (Dreamcast) ou jogos 2D de PSP, rodam de forma aceitável. No entanto, títulos 3D mais complexos, como God of War (PSP) ou Crazy Taxi (Dreamcast), apresentam engasgos e problemas de som. Minha conclusão é: não compre o RG35XX Plus pensando nesses consoles. Encare-os como um bônus experimental. Se algum jogo que você gosta rodar, ótimo. Mas o foco dele é, sem dúvida, até a geração do PS1.

Bateria, tela e funcionalidades extras

A bateria de 3300mAh me surpreendeu positivamente. Nos meus testes, jogando uma mistura de Super Nintendo e PlayStation 1 com o brilho da tela em cerca de 60%, consegui algo entre 5 e 6 horas de jogo contínuo. É mais do que suficiente para uma viagem longa ou para vários dias de jogatina casual no trajeto para o trabalho. A tela, como já mencionei, é um dos pontos altos. As cores são ótimas e o ângulo de visão é excelente, sem distorções.

A saída HDMI é um recurso fantástico. Conectei o console na minha TV com um cabo mini HDMI, pareei um controle de Xbox via Bluetooth e, em segundos, tinha um console retrô de mesa. A imagem fica ótima e não percebi atraso nos comandos (input lag). O WiFi também funcionou bem para ativar os RetroAchievements, um sistema que adiciona conquistas a jogos antigos, dando um motivo a mais para revisitá-los.

O que dizem os compradores?

A opinião geral de quem compra o RG35XX Plus é extremamente positiva, especialmente entre aqueles que entendem a proposta do aparelho. Muitos elogiam o salto de desempenho em relação ao modelo anterior, destacando como ele se tornou a máquina perfeita para emulação de PS1. A qualidade da tela e a precisão do D-Pad são constantemente citadas como pontos fortes, proporcionando uma experiência de jogo autêntica e confortável.

Comprei sem muita expectativa e me surpreendi demais. Parece que voltei a ter 12 anos. Ligo, escolho o jogo e em segundos estou jogando. A tela é muito melhor do que eu imaginava e ele roda meus RPGs de PS1 sem nenhuma travada. É o melhor companheiro para viagens.

João da Silva

Já tive outros portáteis chineses, mas a qualidade de construção desse Anbernic é outra coisa. Os botões são firmes, o direcional é perfeito para jogos de luta. Coloquei o sistema GarlicOS e o console virou outra coisa. Pelo preço que paguei, o valor que ele entrega é absurdo.

Ana Pereira

Pontos de atenção

Nenhum produto é perfeito, e é importante ser transparente sobre as limitações do RG35XX Plus. Não são defeitos, mas características do projeto que você precisa conhecer. O principal ponto é a ausência de direcionais analógicos. Para 95% dos jogos dos sistemas que ele emula bem (até o PS1), isso não é um problema. Porém, alguns jogos de PlayStation 1, como Ape Escape (que exige os dois analógicos para funcionar) ou MediEvil (onde o controle de câmera fica melhor no analógico), são prejudicados. Você precisa estar ciente disso.

  • Falta de direcionais analógicos: Limita a compatibilidade com uma pequena parcela de jogos de PS1 e praticamente inviabiliza a jogatina de muitos títulos de N64, Dreamcast e PSP.
  • Sistema operacional de fábrica: Embora funcional, ele é básico. A experiência melhora muito com a instalação de um firmware customizado, o que exige um pequeno esforço inicial do usuário (comprar um bom cartão SD e seguir um tutorial).
  • Ergonomia para mãos grandes: Por ser um console compacto, pessoas com mãos muito grandes podem sentir um leve desconforto em sessões de jogo muito longas, especialmente por conta da posição dos botões de ombro.

Apesar desses pontos, a balança pende muito para o lado positivo. O fabricante foca em entregar a melhor experiência possível para uma era específica dos videogames, e nisso ele é mestre. Os pontos de atenção são contornáveis ou simplesmente não afetam a proposta principal do aparelho. A falta de analógicos é uma escolha de design para manter o formato compacto e o foco retrô, e a comunidade de software que existe por trás dele transforma a experiência de uso em algo muito superior ao que vem na caixa.

Perguntas frequentes

O Anbernic RG35XX Plus já vem com jogos?

Sim, geralmente os vendedores incluem um cartão microSD com milhares de jogos. No entanto, a qualidade e a organização desses jogos podem ser inconsistentes. Além disso, os cartões de memória que acompanham o produto não são de marcas confiáveis. A recomendação de especialistas e da comunidade é comprar um cartão de boa qualidade (como SanDisk ou Samsung) e montar sua própria coleção de jogos que você possui legalmente, garantindo uma experiência muito mais estável e personalizada.

Preciso de conhecimento técnico para usar o RG35XX Plus?

Não. Para o uso básico, basta ligar o console e escolher um jogo. Ele já vem pronto para jogar. Contudo, para aproveitar 100% do potencial do aparelho, é altamente recomendado instalar um sistema operacional alternativo, como o GarlicOS. Embora isso possa parecer intimidante, o processo é bastante simples e há inúmeros guias em vídeo que ensinam o passo a passo de forma clara, mesmo para quem nunca fez algo parecido.

Ele roda bem jogos de Nintendo 64 ou PSP?

A resposta honesta é: não de forma consistente. Embora o processador seja mais potente, ele ainda não é forte o suficiente para emular a maioria dos jogos desses sistemas de forma satisfatória. Alguns títulos 2D ou mais leves podem funcionar, mas com engasgos e problemas. O RG35XX Plus brilha na emulação de consoles até o PlayStation 1. Se sua prioridade é N64 ou PSP, é melhor procurar um aparelho mais potente (e mais caro).

A bateria do RG35XX Plus realmente dura?

Sim. A bateria de 3300mAh oferece uma ótima autonomia. Em meus testes práticos, variando entre jogos de diferentes plataformas e com o brilho da tela em nível médio, obtive entre 5 e 6 horas de jogo contínuo. Para jogos de sistemas mais leves, como Game Boy, esse tempo pode se estender ainda mais. É uma duração excelente para um dispositivo portátil.

Qual a diferença entre o RG35XX e o RG35XX Plus?

A versão “Plus” é uma atualização significativa. As principais melhorias são: um processador muito mais rápido (H700), o dobro de memória RAM (1GB), uma bateria com maior capacidade (3300mAh) e a adição de conectividade WiFi e Bluetooth. Na prática, isso significa que o Plus pode rodar jogos de PlayStation 1 com muito mais fluidez e ainda consegue lidar com alguns sistemas mais pesados, além de permitir o uso de controles sem fio e recursos online como os RetroAchievements.

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Carlos Oliveira é apaixonado por tecnologia, bem-estar e tudo que envolve qualidade de vida. No Dicas & Achados está sempre buscando oferecer análises sinceras com experiência em tecnologia e comportamento do consumidor.